segunda-feira, 28 de setembro de 2009

domingo, 27 de setembro de 2009


 
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Depois das 7


as montras são mais íntimas







A vergonha de não comprar

não existe

e a tristeza de não ter

é só nossa







E a luz torna mais belo

e mais útil

cada objecto







ANTÓNIO REIS
Poemas Quotidianos, Porto [1957]



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Fotografia  por Maria Avelino



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quinta-feira, 24 de setembro de 2009









“A monotonia é a repetição do mesmo milagre. A alma é tão ávida e exigente de maravilhoso que não consente a demora do mesmo prodígio, do mesmo assombro. A luz que nos deslumbra, neste momento, horas depois, deixa-nos às escuras”





Teixeira de Pascoaes








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in “O Pobre Tolo”, capítulo I, colecção “Obras Completas de Teixeira de Pascoaes”, organização de Jacinto do Prado Coelho, volume IX, Livraria Bertrand, 1973

segunda-feira, 21 de setembro de 2009




http://museunacionaldearqueologia-educativo.blogspot.com/



O Blogue do Sector Educativo e de Extensão Cultural do Museu Nacional de Arqueologia (MNA) acaba de receber o prémio de “MELHOR BLOG DE ANIMAÇÃO SOCIOCULTURAL 2009”, num concurso nacional promovido pela Associação Portuguesa para o Desenvolvimento da Animação Sociocultural (APDASC) (http://www.apdasc.com/pt).
Fundada em 2005, a APDASC é uma associação de técnicos de Animação Sociocultural (ASC) que visa promover a respectiva profissão, lutando ainda pelo desenvolvimento comunitário. O concurso “O Melhor Blogue de Animação Sociocultural” destina-se a seleccionar os dois melhores blogues portugueses sobre Animação Sociocultural nas categorias “Melhor Blogue Individual” (destinado a blogue que só tenham um administrador / responsável e que não sejam institucionais) e “Melhor Blogue Colectivo” (destinado a blogues que tenham vários colaboradores / responsáveis ou que pertençam a um grupo / comunidade / instituição, como por exemplo, blogues de escolas, de associações, de um grupo de amigos, etc.). O objectivo do Concurso era promover a qualidade e a divulgação dos blogues portugueses sobre Animação Sociocultural, importantes veículos de informação, comunicação e desenvolvimento da Animação Sociocultural.
A eleição é feita através de um sistema misto que conta com a votação em linha do público (representando 50% do resultado final) e com a votação de uma Comissão de Avaliação (escolhida pela APDASC, representando também 50% do resultado final).
Concorreram à edição deste ano 14 blogues na categoria individual, tendo ganho o blogue “Crescer com o Património” (http://crescercomopatrimonio.blogspot.com/), e 16 blogues na categoria colectivo, tendo ganho o blogue do Serviço Educativo do Museu Nacional de Arqueologia (http://museunacionaldearqueologia-educativo.blogspot.com/). Obtiveram ainda menções honrosas, os blogues “Anijovem” (na categoria individual) e “Anima(C)cão” (na categoria colectiva).
Depois de em 2002, no ano do seu lançamento, ter ganho a medalha de ouro do concurso mundial do comité especializado do Conselho Internacional dos Museus para “Melhor Sítio Internet do Ano”, o Museu Nacional de Arqueologia vê agora de novo reconhecida a sua acção no domínio do uso dos novos meios de comunicação a distância, via Internet, através deste prémio, que muito honra toda a equipa do Museu, em especial neste caso o seu Sector Educativo e de Extensão Cultural. A todos os intervenientes os nossos agradecimentos, com o sentido de que entendemos estas distinções como responsabilizações acrescidas, em ordem à permanente melhoria do nosso serviço público.


Informações e contactos:
Sector Educativo e de Extensão Cultural do Museu Nacional de Arqueologia
Telef. 213620000
Email: mnarq.seducativo@imc-ip.pt

Não me vês








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Estas imagens parecem-nos estar aqui para durar sempre, embora não representem senão um instante. O espaço, a sua visão fragmentada, apontam para uma temporalidade ameaçada e suspensa. Dario Alves dá forma a um paraíso das imagens do quotidiano, que não morrem, embora esse seja o seu destino. A certeza do traço, a claridade da pintura e das cores que amadurecem serenamente sobre a tela, falam-nos de uma Primavera incorruptível, de uma estação radiante dos sentidos, emolduradas por um equilíbrio perfeito, pela harmonia de todos os elementos da composição. O movimento está latente na serenidade das poses, um movimento interior, apelando a uma transformação, à "outra vida" que a arte sempre persegue.Maria João Fernandes, catálogo Dario Alves/trabalhos de casa/Árvore/1996

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Fotografia @ Desiree-Dolron - Librario Julio Mella (2002-2003)
http://www.desireedolron.com


"Adoro livraria. É a mais culta de todas as lojas, além de um bom lugar para se divertir. Tem café expresso, sorvete, sofás e poltronas confortáveis, CDs, DVDs, Aspirina, quiosque do McDonald e, é claro, livros. Num dia de sorte você ainda pode surpreender aquele colega de trabalho de esquerda, entusiasta de uma nova revolução bolivariana nas Américas, bem de frente para a vitrina dos livros mais vendidos, folheando romances e novelas de baixa literatura. Ou, quem sabe?, flagrar aquela vizinha do andar superior, de ar compenetrado, óculos de aros baixos, supostamente, leitora compulsiva de Virginia Woolf, no momento exato em que ela acabou de pagar por um exemplar de O Segredo. E, o que é melhor, ela não pediu que embrulhasse para presente. A livraria não é apenas um universo de três estilos literários - ficção, não-ficção e auto-ajuda -, também, é um lugar para se falar mal de livros. Antes, um esclarecimento, "ficção", como sabem, é o gênero daqueles livros escritos pelas pessoas que por anos a fio, na hora de dormir, contavam histórias para os filhos quando estes ainda eram pequenos. Dessa maneira, foram desenvolvendo uma incrível capacidade na arte de inventar. Infelizmente, alguns degeneraram para o território das mentiras colossais, como os políticos, por exemplo. Por outro lado, "não-ficção", geralmente, são escritos por aqueles que preferiam comprar livros de histórias para a criançada, em vez de contá-las, pois andavam sempre ocupados, escrevendo relatórios importantes, assistindo futebol na TV, ou vendo telenovelas. Finalmente, os categorizados como de "auto-ajuda", são redigidos por aqueles que não adotaram nenhuma destas práticas. Fala-se mal de qualquer coisa, inclusive de livros. Tenho um amigo daqueles bem radicais, vegetariano, rato de cinemateca, fã ardoroso do cinema alternativo, tais como o iraniano, o paquistanês e o argentino, que não perdoa escritores que vendem muito; livros que viraram filmes; e aqueles escritos para pura distração. "O Código Da Vinci? Humm... virou filme, é ruim! Não leio baixa literatura". É curioso as categorias que inventam para a literatura: alta e baixa literatura, como se esta fosse a Idade Média. Quando era menino, li muitos livros de piratas que singravam os sete mares em busca de fortuna e aventura. Hoje, todos eles se classificariam como baixa literatura. O que eu sei é que, além das coordenadas da Ilha de Tortuga e outros conhecimentos adquiridos, me diverti muito lendo todos eles. Analisemos a obra de Lord Byron - topo desta categorização literária - no poema Corsário, onde este escritor inglês narra as aventuras de Conrado, cavalheiresco pirata dos mares gregos, homem fatal, irresistível, às voltas com mulheres apaixonadas, além de um sultão turco chamado Seyd nos seus calcanhares, disposto a decapitá-lo assim que o capturasse. Confessem, com todo respeito ao poeta, não serviria de enredo para um emocionante filme de capa e espada estrelado por Burt Lancaster ou Errol Flynn se vivos ainda fossem? Outro dia, diante de uma prateleira repleta de livros de auto-ajuda direcionados para a mulher, mirei num título inusitado: Homens são de Marte, Mulheres são de Vênus, de John Gray. Como é mesmo?, refleti, largando súbito o Neruda que segurava, dirigindo-me à toalete em busca de um espelho. Não que seja demasiado vaidoso com a aparência, mas ser parecido com um daqueles homenzinhos verdes, raquíticos e de cabeça gigantesca não era do meu agrado. Diante do espelho, senti-me aliviado, não que estivesse refletido ali nenhum George Clooney, contudo, era o meu rosto de sempre. Aliás, nesta mesma prateleira, mais à esquerda, havia outro título singular: Sorria, Você Está Na Menopausa, de Maria Helena Bastos. Esse negócio de livros às vezes assusta. Não, não me refiro a nenhum conto ou novela de terror de Algernon Blackwood, mas de certo livro que encontrei na casa da tia Marizete, sempre lembrada pelo seu famoso bolo de chocolate das Sextas feiras. Enquanto aguardava o precioso manjar, corri as vistas pela sala, defrontando-me com o título do tal livro: Manuel De Sobrevivência Da Mulher De Meia Idade, de Léa Maria Aarão Reis. Sendo a minha tia uma viúva que mora sozinha, confesso, fiquei apreensivo. Em razão da sua faixa etária, estaria esta querida doceira de primeira linha, exposta a algum tipo de perigo mortal? A primeira sensação foi a de que aquele título sugeria um treinamento militar digno do Mosad. Raios duplos, pensei, por acaso um cyborg vindo do futuro - como aquele interpretado por Arnold Schwarzenegger em O Exterminador do Futuro (Terminator) -, estava a caça de mulheres de meia-idade, pronto para apontar-lhes um Kalashinikov e dizer-lhes: "hasta la vista, baby". Frequentar livrarias tem dessas, dá asas à imaginação." "




A VOLTA AO MUNDO A BORDO DE UMA LIVRARIA

Texto escrito por Oliver Pickwick AQUI








terça-feira, 15 de setembro de 2009

Só de Sacanagem


Clique AQUI para assistir (excelente)










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Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela que passar? Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu, do nosso dinheiro que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.
Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.
Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam: “Não roubarás”, “Devolva o lápis do coleguinha”, “Esse apontador não é seu, minha filha”. Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar.
Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará. Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar.
Só de sacanagem! Dirão: “Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo mundo rouba” e vou dizer: “Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau.”
Dirão: “É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal”. Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal. Eu repito, ouviram? Imortal! Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final!
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sexta-feira, 11 de setembro de 2009

11 de Setembro ________________________________________


Instantâneo do fotógrafo alemão Thomas Hoepker, ex-presidente da agência Magnum (de 2003 a 2006)




A mais polémica foto da tragédia do 11 de setembro de 2001, não mostra o choque dos aviões contra os prédios do World Trade Center nem as vítimas do atentado. Regista uma cena idílica de verão. Nela, cinco jovens conversam tranquilamente em algum lugar de Williamsburg, no cais do Brooklyn, no meio de ciprestes e flores, enquanto uma nuvem negra de fumaça cobre os prédios de Manhattan.


Hoepker define-se como fotojornalista, apesar de ser valorizado como artista no circuito internacional. Entrar nesse mercado, diz, foi apenas circunstancial. Com a redução do orçamento das revistas impressas, consequência da concorrência da internet, fotógrafos realizam cada vez menos trabalhos por encomenda de editoras, que garantiram a Hoepker fotografar séries históricas transformadas em livros, entre eles o impressionante Return of the Maya (Dewi Lewis Publishing, 160 páginas, 1998). A publicação regista a vida dos descendentes dos maias após a longa guerra civil da Guatemala, que acabou em 1996 e deixou um rasto de 150 mil mortes nos 36 anos do conflito, encerrado com o acordo entre o presidente Arzu e guerrilheiros.
Esse foi um trabalho para a revista Stern, que me mandou para a Guatemala fazer uma reportagem turística sobre os costumes locais”, conta Hoepker. Ele acabou subvertendo a pauta, envolvendo-se com o sofrimento dos maias. “Após 500 anos de opressão cultural, pela primeira vez esse povo pôde praticar seus rituais religiosos e resgatar antigos costumes de seus ancestrais”, lembra o fotojornalista, que visitou o país quatro vezes, registrando, de 1990 a 1997, como os descendentes dos maias recuperaram os corpos de seus mortos no confronto com o governo guatemalteco e a maneira como conduziram os ritos fúnebres em cavernas, ravinas e cachoeiras.

Para a mesma Stern ele realizou, em 1975, outra impressionante série sobre a vida quotidiana em Berlim Oriental, quando a cidade alemã ainda era dividida pelo muro. Hoepker, um alemão de 72 anos nascido em Munique, atravessou a cortina de ferro como assistente técnico da revista, registando imagens de dissidentes políticos como Wolf Bierman e Robert Havemann, além do retrato inquietante de um comerciante exibindo um ganso em plena época do Natal, uma raridade gastronómica na triste Berlim Oriental. “Comparando com o tempo em que lá vivi, a reunificação fez bem para os alemães do Leste, a despeito da nostalgia de alguns representantes do antigo regime, que não enxergam com bons olhos as mudanças na Alemanha”, observa.

Por essa época as fotos de Hoepker já eram distribuídas pela Magnum e seus documentários exibidos pela televisão alemã, chamando a atenção de editores americanos. Todos conheciam a série de Muhammad Ali, feita para a Stern em 1966, época em que negros eram discriminados em locais públicos nos EUA. O punho de Cassius Clay, exibido na foto desta página, era visto então como um protesto contra a opressão. “Foi uma leitura equivocada da foto, que é de facto ambígua, mas nem tanto como a do 11 de setembro”, esclarece Hoepker, dizendo que pretendeu apenas destacar o punho de um campeão.

No caso da foto desta página, a da tragédia das torres gêmeas, foi justamente o seu carácter indeterminado que fez Hoepker mantê-la escondida por três anos, até que um amigo seu da Alemanha resolveu incluí-la numa retrospectiva dedicada ao fotógrafo. Quando publicada nos EUA, ele foi acusado de banalização do terror. Hoepker defendeu-se, dizendo que não pretendia, de modo algum, ser desrespeitoso com a memória dos mortos na tragédia. “Tanto que, ao selecionar as fotos da Magnum para um livro, retive a minha, por considerar que sua publicação poderia distorcer a realidade tal como a percebemos naquele dia.”

A imagem foi registada por acaso. Retido no seu carro no Brooklyn, sem poder atravessar a ponte, ele viu um grupo de pessoas conversando descontraidamente no cais de Williambsurg e tirou três fotos. “Não pensei em nada naquele momento, nem mesmo em fazer uma crítica à alienação dos garotos (?), como denunciaram posteriormente dois deles”, admite o fotógrafo. “De qualquer modo, acho que é da natureza humana habituar-se ao horror”, diz o fotógrafo, um dos últimos da escola humanista de Cartier-Bresson e Elliott Erwitt, suas referências.





Fonte: CULTURA

blogdofavre.ig.com.br/tag/exposicao/


© Foto de Roosevelt Nina. Exposição “Objetos”, CCJF, Rio de Janeiro.







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quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Horror de ser sempre com vida a consciência!
Horror de sentir a alma sempre a pensar!
Arranca-me, ó vento; do chão da existência,
De ser um lugar!











Fernando Pessoa, in Vendaval (fragmento)


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domingo, 6 de setembro de 2009

Entrada intermitente




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Este ano fui à festa do Avante. Foi um ímpeto, uma vontade irresistível de (re)ver gente, caras conhecidas e amigos, alguns saudosos cumplices de lutas e carícias, outros nem tanto. Há muito tempo que não fazia esta via (em tempos sacra). Praticamente, desde a altura em que festa assentou arraiais na Atalaia, deixei de cumprir calendário. Alguém que me conhece, atento, perguntou-me o que achava, o tinha mudado aos meus olhos. Insistiu, solicitou-me uma resposta rápida, a quente . Adorei a ideia da ópera na abertura, encantou-me (como sempre) ouvir Maria João e Mário Laginha, detive-me com imenso interesse na 16ª Bienal de arte, com realce para as obras de Luís Ralha, mas a minha maior surpresa é que não tive surpresas. Pareceu-me tudo tremendamente na mesma. O mesmo grafismo, o mesmo discurso, o mesmo modelo, os mesmos ritos e mitos. Se calhar sempre foi assim, o que mudou foi o meu ponto de vista ...

Surpreendentes mesmo, foram as conversas "andantes" com os mais novos, que eram muitos e muito apaixonados e o silêncio dos mais velhos, sentados à sombra dos novos tempos, nos pontos altos, onde a vista se alarga e ainda vai correndo alguma aragem.





Nesta, como noutras celebrações (formalidades à parte), emocionam-me sempre as pessoas, o espírito da coisa, a vivência mágica que estes dias proporcionam a tanta gente de nova geração, que vive fechada numa redoma "asséptica" onde a política é tabu. Nas escolas não se discutem ideias (não há tempo nem modo para tal "subversão") e as famílias evitam falar de política por ser algo fracturante, como agora se usa dizer. Discute-se futebol, chora-se a crise, fala-se das performances sexuais, das dietas, das faustosas férias ( dos outros, dos famosos) e dos dramas sazonais que animam os noticiários. Este quadro deixa pouco espaço para que se discuta abertamente política e se conheça melhor a História e a Geografia das ideias. Muitos jovens vivem hoje num paupérrimo presentismo, convencidos que o mundo é apenas aquilo que a sua visão alcança. Pensam que o mundo é um umbigo que neles começa e que neles acaba. Não se sentem hereditários nem herança. Não se sentem responsáveis pelo que estão a construir. Não se estimam o suficiente para impor o seu ponto de vista. Faz falta desarrumar as ideias, soltar as perguntas.








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sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Pintura iman maleki





Hay hombres que de se cencia
Tienen la cabeza llena;
Hay sabios de todas menas,
Mas digo sin ser muy ducho -
Es mejor que aprender mucho
El aprender cosas buenas.


(Fragmento)
Martín Fierro- O anti-herói do Pampa
José Hernández 1872


in http://umbilicum.blogspot.com
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Há dias, numa grande superfície comercial, reparei em duas raparigas que passeavam, cúmplices, cores de Verão, pelos corredores repletos de pastas, lápis, cadernos e outros apetrechos da dura faina do aprender (aprendendo). Também lá andava, à procura de canetas de ponta fina, deambulando entre rotring`s e esquadros, quando afinei a orelha para a conversa do lado. Uma das raparigas, colada ás prateleiras. dizia para a outra: - " Anda ver, gosto tanto deste cheiro, gosto tanto das coisas da escola, não gosto é da escola " . Dito isto, sorriu, encolheu os ombros e seguiu com a amiga para a secção dos perfumes. Perdi-lhes o rasto mas ...

fiquei a pensar nesta "escola" e lembrei-me de Agostinho _____














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"Não podemos negar que a escola não deu aos seus alunos todas as possibilidades que lhes devia dar, desprezou os mal dotados, obrigou-os a actos ou tarefas que lhes depuseram na alma as primeiras sementes do despeito ou da revolta, lhes deu, pelo quase exclusivo cuidado que votou ao saber, deixando na sombra o que é o mais importante — formação do carácter e desenvolvimento da inteligência —, todas as condições para virem a ser o que são agora; se não saíram da escola com amor à escola, a culpa não é deles, mas da escola. Acresce ainda que, lançados na vida, a escola nunca mais procurou atraí-los, nunca mais foi ao encontro dos seus antigos alunos, para lhes aumentar a cultura, os informar e esclarecer sobre novas orientações de espírito, para lhes pedir a sua colaboração, o seu interesse na educação das gerações mais moças. Houve um corte de relações, quando a sua manutenção poderia ainda de algum modo apagar as más lembranças que os alunos levavam. Que admira que sintamos agora à nossa volta paixão e rancor? Tivemo-los nas nossas mãos e não fizemos por eles tudo quanto podíamos, mesmo com as possibilidades económicas e pedagógicas de que nos cercara o meio; em nós temos de reconhecer o principal defeito; por consequência, também em nós a principal causa do ataque."



Agostinho da Silva, in 'Glossas'


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Pintura http://www.imanmaleki.com/

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Em cheio !


Mélanie Laurent é Shosanna Dreyfus no filme "Sacanas sem Lei" de Quentin Tarantino






Ontem fui ao cinema numa sala perto de casa. Atraída por Tarantino, que nunca perco, fui ao cinema para assentar o pó das férias. Habitualmente vou ao cinema no ultimo dia de férias cumprindo uma espécie de ritual de iniciação aos trabalhos, prazeres e rotinas da cidade. Recentro-me no escuro da sala, viajo para uma outra realidade.

É assim há algum tempo, mas desta vez foi especial. Tarantino excedeu-se em talento. Este filme é notável. Representa o melhor do cinema, o poder da sétima arte. Um filme a não perder. Estremeci na cadeira com estes gloriosos "Sacanas sem lei ". Viva Tarantino !


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